terça-feira, 15 de março de 2011

Raia

Nome popular:  raia  - (Ou ARRAIA)
Filogenia:                    Filo:  Chordata   
Classe: Chondrichthyes
Sub-classe: Eslamobranquii
Ordem:  Rajiformes
Famílias: Dasyatidae, Gymnuridae, Mobulidae, Myliobatidae,  Narcinidade, Pristidade, Rajidade, Rhinobatidae, Rhinopteridade, Torpedinidade. [3];[4]; [11]
Espécies: Aetobatus narinari, Narcine brasiliensis, Dasyatis centroura, Gymnura micrura, rhinoptera bonasus, Potamotrygon motoro, dasyatis geijskesi, Potamotrygon histrix, Potamotrygon constellata, Potamotrygon scobina, Paratrygon aiereba, Potamotrygon orbignyi, Potamotrygon schroederi, Potamotrygon castexi, Potamotrygon leopoldi, Potamotrygon signata, Potamotrygon brachyura, Sympterygia bonapartii, Atlantoraia platana, Plesiotrygon iwamae, Potamotrygon ocellata. [5]
Morfologia: Geral: as rais são peixes achatados dorso-ventralmente com as nadadeiras peitorais bem desenvolvidas e ligadas à cabeça, formando um corpo com formato de disco. Seu esqueleto é cartilaginoso, seu corpo é coberto por escamas placóides, sua boca localiza-se ventralmente, apresentam espiráculos para o processo respiratório, não possuem bexiga natatória, apresentam cinco pares ventrais de fendas branquiais, possuem fendas nasais ventrais. Algumas espécies possuem nadadeira caudal, todavia, no geral elas são ausentes, não apresentam nadadeira anal e suas nadadeiras peitorais são ligadas à cabeça e sem definições [11].
Szpilmann (2000 web 2011, pg. 27) apresenta as principais medidas e estruturas das raias (Fig. 01):

            Figura 01 – Principais medidas e estruturas das raias.
            Fonte: Szpilmann (2000, web 2011, pg. 27).

Morfologia de algumas principais espécies segundo Szpilmann (2000 pg. 116 a 119 e 122 e 123 – web 2011):  
- Narcine brasiliensis: (Treme-treme, Raia-elétrica) - dorso acinzentado com manchas marrom-escuras alongadas e ventre branco. Cabeças e nadadeiras dorsais fundidas. Pélvicas situadas na frente das duas dorsais. Possuem um órgão reprodutor de eletricidade em cada lado dos discos. Apresentam máximo de 54cm de largura e 5 kg. Os filhotes nascem com aproximadamente 10 cm de largura;
- Aetobatus narinari: (Raia-jamanta) - dorso cinza ou marrom-acinzentado com diversas pintas brancas, amarelas ou azuis, com formatos diversos. Ventre branco. Corpo losangular e largo com a cabeça bem pronunciada e o focinho projetado, formando um rostro achatado, olhos e espiráculos nas laterais da cabeça, dentes largos e achatados formando uma série simples. Peitorais grandes, triangulares e pontuadas. Pequena dorsal entre as pélvicas. Cauda longa e afilada com um a cinco aguilhões em sua base. Nadadeira caudal ausente. Pele lisa. Medem um máximo de 8,8 m de comprimento total, 3 m de largura e 227 kg. Seus filhotes nascem com 15 a 40 cm de largura;
- Rhinoptera bonasus: (Ticonha,  Raia-focinho-de-vaca) – dorso castanho-escuro apresentando tonalidade mais escura na cabeça, ventre branco. Corpo losangular e largo com a cabeça grande e pronunciada. O focinho apresenta uma grande depressão, tornando-o bilobado. Olhos apresentam-se nas laterais de cabeça. Dentes largos e achatados em forma de placas em ambos os maxilares. Peitos triangulares, grandes e pontudos. Cauda longa e afilada, com um a 5 aguilhões na base. Nadadeira caudal ausente. Pele lisa. Dorsal única situada na base da cauda entre as pélvicas;
- Manta birostris -  (Jamanta) – Dorso preto ou marrom-escuro. Corpo losangular e largo com um par de projeções carnosas flexíveis na cabeça (nadadeiras cefálicas). A boca está situada entre estas projeções. Peitorais triangulares e muito grandes. Apresentam uma nadadeira dorsal. Cauda relativamente curta e sem espinhos. Máximo de 5 m de comprimento total, 8 m de largura e 3 toneladas. Os filhotes nascem com 1 m de largura e pesam 15 kg;
- Rhinobathus percellens – (Viola) – Dorso marrom com pintas esbranquiçadas e ventre pardo-esbranquiçado. Corpo com formato de cunha, focinho pontudo e cauda grossa e alongada. Olhos grandes, dispostos no alto da cabeça junto com os espiráculos. Apresentam fortes espinhos dispostos em toda sua linha dorsal mediana. Nesta mesma linha, nas regiões mediana e posterior da cauda apresentam-se as nadadeiras dorsais. Nadadeira caudal bem desenvolvida. Máximo de 1,5 m de comprimento e12 kg. Os filhotes nascem com 15 cm de comprimento;
- Atlantoraja castelnaui – (Raia-chita) – Dorso marrom-alaranjado com diversas manchas negras. Ventre branco. Corpo losangular com a cabeça arredondada, não muito destacada e focinho pontudo bem pronunciado. Apresenta uma fileira longitudinal de espinhos no dorso, da nuca até a cauda. Cauda não muito longa, apresentando duas dorsais em sua extremidade, ausência de espinhos na base e nadadeiras dorsais bem pequenas. Máximo de 1,5 m de comprimento e 30 kg. Seus filhotes nascem com 15 cm de comprimento.

Chave para identificação visual das famílias das raias segundo Szpilmann (2000 pg. 46, web 2011), no Brasil: A raias da família Pristidade apresentam cauda grossa e alongada, com duas dorsais medianas e nadadeira caudal bem desenvolvida. Família Rhinobatidae apresenta focinho prolongado em forma de cunha; Torpedinidae e Narcinidae apresentam corpo em forma de disco; Rajidade apresentam cauda grossa e alongada, com duas dorsais em posição terminal, e ausência de nadadeira caudal; Gymnuridade apresentam cauda fina e relativamente curta; Myliobatidade, Rhinopteridade, Mobulidae e Dasyatidae apresentam cauda fina e longa.
Habitat: marinho, água-doce e estuarinas salobras. Vivem em regiões do talude continental, superficiais oceânicas, costeiras, rasas e até as mais profundas do oceano. Nadam sempre no fundo ou próximo à superfície. Existem famílias de raia Potamotrygonidae, endêmicas da América do Sul, que vivem exclusivamente em ambientes dulcícola [8].

Alimentação: são carnívoras, porém, algumas espécies apresentam uma alimentação bem variada, incluindo presas plantônicas, baleias e até outros elasmobrânquios. Ingerem também, crustáceos e moluscos bivalves bentônicos e até peixes [8], e de pequenos animais, como: vermes, caramujos e camarões. As táticas alimentares incluem emboscada, aproximação furtiva (espreita) e atração. Podem utilizar a prática do abalroamento, sugar, morder, filtrar, ou até mesmo uma combinação destas táticas. Atividades de forrageamento podem ser executadas por indivíduos solitários ou em grupos, todavia, não existem comprovações de cooperação entre indivíduos elasmobrânquios. As raias de águas interiores (Potamotrygonidae) alimentam-se de insetos aquáticos, peixes, crustáceos e moluscos [8].

Reprodução: Possui fecundação interna. A família Rajidade é ovípora e deposita seus ovos no ambiente, onde eles se desenvolvem e rompem. Esta família apresenta pico de postura no verão. Seus ovos são membranoso e retangulares possuindo prolongamento em cada vértice que servem para fixá-los ao substrato [9]; [11]. As demais famílias são ovovivíparas [11]. As fêmeas possuem útero, ovário e glândula nidamental, e os machos possuem testículos, glândulas clasper, espinhos, clasper e vesícula seminal [11].

Curiosidades: As raias (ou arraias) são K-estrategistas, ou seja, possuem crescimento lento, amadurecimento sexual tardio, período longo de vida, baixa fecundidade, mortalidade natura e uma estreita relação entre o número de jovens produzido e do tamanho da biomassa de reprodução [9].   A espécie Rioraja agassizi é endêmica do sudoeste da América do Sul no oceano Atlantico [10].

Nomes comum das variedades regionais no Brasil: arraia; raia; Jamanta, Diabo-do-mar, Morcego-do-mar, Peixe-diabo, Raia-jamanta, Diavolo-di-mare (na Itália); Treme-treme, Raia-elétrica, Temblador de mar (na Espanha); Raia-pintada, Narinari, Papagaio, Pintada, Raia-chita, Raia-leopardo, Ratão-Leopardo (em Portugal); Ticonha, Raia-focinho-de-vaca, Raia-sapo, Cara-de-vaca (em Cuba);  Viola, Guitarra, Viola-do-golfo (em Portugal), Raia-chita [1]; [11];  


Imagens:


REFERÊNCIA
[1] HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro : Objetiva, 2001 (pg. 2658)
[2] FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. Ed. – Rio de Janeiro : Nota Fronteira.  (pg. 1641)
 [3] IHERING, Rodolpho Von. Dicionário dos animais do Brasil. Rio de Janeiro : DIFEL, 2002. (pg. 478).
[4] BARBOSA, Jose Milton. NASCIMENTO, Chirleide Marcelino do. SISTEMATIZAÇÃO DE NOMES VULGARES DE PEIXES COMERCIAIS DO BRASIL: 2. ESPÉCIES MARINHAS. <http://ppg.revistas.uema.br/index.php/REPESCA/article/viewFile/100/100>. Acessado em 03/03/2011, as 18:43 hrs.
 [5]  FishBase. versão (11/2010/).  A Global Information System on Fishes. <http://www.fishbase.org/ComNames/CommonNameSearchList.php?CommonName=Arraia>. Acessado em 06/03/2011, as 19:39 hrs.
[6] COSTA, Luciano;  CHAVES, Paulo de Tarso da Cunha. Elasmobrânquios capturados pela pesca artesanal na costa sul do Paraná e norte de Santa Catarina, Brasil. Biota Neotropica, On-line version , vol.6 no.3 Campinas  2006.  <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1676-06032006000300007&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acessado em 06/03/2011, as 20:58 hrs.
[7] FishBase. <http://www.fishbase.org/Summary/OrdersSummary.php?order=Rajiformes>. Acessado em 06/03/2011, as 21:36 hrs.
 [8] AGUIAR, Aline Augusto. VALENTINI, Jean Louis. Biologia e Ecologia Alimentar de Elasmobrânquios (Chondrichthyes: Elasmobranchii): uma revisão dos métodos e do estado da arte no Brasil. Oecologia Australis, 14(2): 464-489, jun/ 2010. dói: 10.4257/oeco.2010.1402.09. <http://www.oecologiaaustralis.org/ojs/index.php/oa/article/viewFile/oeco.2010.1402.09/420>  Acessado em 06/03/2011, as 22:18 hrs.
[9] Stevens J. D.; Bonfil R.; Dulvy, N. K.;  Walker, P. A.. The effects of fishing on sharks, rays, and chimaeras (chondrichthyans), and the implications for marine ecosystems. ICES Journal of Marine Science, 57: 476–494. 2000  doi:10.1006/jmsc.2000.0724, available online at http://www.idealibrary.com  <http://icesjms.oxfordjournals.org/content/57/3/476.full.pdf>. Acessado em 07/03/2011
[10] ODDONE, MARÍA CRISTINA;  AMORIM, ALBERTO F.; MANCINI, PATRICIA L.; NORBIS, WALTER; VELASCO, GONZALO. The reproductive biology and cycle of Rioraja agassizi (Müller and Henle, 1841) (Chondrichthyes: Rajidae) southeastern Brazil, SW Atlantic Ocean. SCIENTIA MARINA 71(3) September 2007, 593-604, Barcelona (Spain) ISSN: 0214-8358. <http://scientiamarina.revistas.csic.es/index.php/scientiamarina/article/view/215/212>. Acessado em 07/03/2011, as 23:26 hrs.
[11] SZPILMANN, Marcelo. Peixes Marinhos do Brasil: guia prático de identificação.- Rio de Janeiro : M. Szpilmann, 2000. ISBN 85-900691-2-5. http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=QFxPltbITXcC&oi=fnd&pg=PA15&dq=familias+das+raias&ots=FCv51drs0G&sig=aJCKSVzY5KmLRoewaShMeC1u1W8#v=onepage&q&f=false.  Acessado em 08/03/2011, as 09:43 hrs.




quinta-feira, 3 de março de 2011

Tainha


Nome popular:  tainha
Taxonomia [3]:           Filo: CORDATA
Subfilo: CRANIATA
Classe:  Actinopterygii,
Subclasse: Neopterygii
Divisão: Teleostei
Ordem:  (48) Mugiliformes
Sub-ordem:  não apresenta
Famílias: Mugilidae

Morfologia: Peixes da família Mugilidae são abundantes em todo o oceano Atlântico. O gênero Mugil Lisa pode chegar a 1m de comprimento, apresenta corpo fusiforme e robusto, dorso verde-azulado e ventre claro com estrias escuras loingitudinais, nadadeiras pélvicas pálidas e base da peitoral com uma mancha negra [5]. Suas nadadeiras dorsal e anal são livres de escamas [6]. O gênero M. platanus pode chegar até 90 cm. De comprimento, seu dorso é verde-escruo, flancos e ventre prateados com estrias lingitudinais cinzentas [5].  
Habitat: águas marinhas tropicais e subtropicais, regiões costeiras estuarinas e lagunares (Menezes & Figueiredo 1985 apud [1]) [2]. Vive no oceano Atlântico, habita tanto litoral de todo o Brasil como nos Estados Unidos e Europa [7].

Alimentação: são herbívoros, alimentando-se também de detritos e matéria orgânica (Parejo 1991 apud [1]) 

Reprodução: O período de reprodução para a espécie M. platanus é de junho a outubro, na região estuarino-lagunar de Cananéia (SP) [4].


Curiosidades: São conhecidas sete espécies do gênero Mugil na costa brasileira: M. liza, M. curema, M. gaimardianus, M. incilis, M. curvidens, M. trichodon e M. platanus  (Menezes & Figueiredo 1985 apud [1]). São conhecidos no Brasil  como tainhas e paratis na região Sudeste e Sul e tainhas e curimãs no Norte e Nordeste [2]. Para a identificação das espécies são utilizados os caracteres externos, sendo estes o padrão de colorido, o número de séries laterais de escamas, o grau de escamação da segunda nadadeira dorsal e da nadadeira anal e o número de raios da nadadeira anal [2]. A espécie M. Platanus é considerada a maior de todas, podendo atingir até1 metro de comprimento, com até 7 kilos de peso [7].


Nomes comum das variedades regionais no Brasil: tainha-barbuda, tainha-de-rio, tainha-verdadeira. Tainha-de-corso, tainha-seca, tainhota, tainhota-voadeira. [5]; [6].


Imagens:


REFERÊNCIA

[1]  OKAMOTO, Marcelo Hideo. SAMPAIO, Luis Andre. MAÇADA, Armindo de Pinho. EFEITO DA TEMPERATURA SOBRE O CRESCIMENTO E A SOBREVIVÊNCIA  DE JUVENIS DA TAINHA Mugil platanus. Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG – Departamento de Oceanografia – Laboratório de Maricultura. Atlântica, Rio Grande, 28(1): 61-66, 2006  . http://www.lei.furg.br/atlantica/vol28/Numero1/ATL07.PDF Acessado em 01/03/2011, as 09:56 hrs

[2] MENEZES, Naércio Aquino. Guia prático para conhecimento e identificação das tainhas e paratis (pisces, Mugilidae) do litoral brasileiro. Revista Brasileira de Zoologia. [online]. 1983, vol.2, n.1, pp. 1-12. ISSN 0101-8175. http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v2n1/v2n1a01.pdf>       Acessado em 01/03/2010, as 10:26 hrs

[3] NELSON, Joseph S. Fishes of the world. 4th ed.  Library of congress Cataloging-in-Publication (pg. 456, 457, 458)

[4] Andrade-talmelli, Elaine Fender de. ROMAGOS,  Elisabeth. NARAHAR, Massuka Yamane. GODINHO, Heloisa Maria. Características Reprodutivas de tainha Mugil platanus (Tleostei, perciformes, mugilidade), da região estuarino-laguna de Cananéia, São Paulo. Revista Ceres 43 (246):165-185. 1996. <http://www.ceres.ufv.br/CERES/revistas/V43N246P01796.pdf >  Acessado em 01/03/2011, as 11:05 hrs.

[5] HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro : Objetiva, 2001 (pg. 2658)

[6] FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. Ed. – Rio de Janeiro : Nota Fronteira.  (pg. 1641)

 [7] IHERING, Rodolpho Von. Dicionário dos animais do Brasil. Rio de Janeiro : DIFEL, 2002. (pg. 478).