domingo, 18 de dezembro de 2011

SUSTENTABILIDADE E GLOBALIZAÇÃO

SUSTENTABILIDADE E GLOBALIZAÇÃO

Dois vernáculos que nada tem de similaridade ou de causa e consequência. A globalização é um processo de expansão da atividade produtiva além das suas terras de origem, é um processo que invade outros territórios, enquanto que a sustentabilidade é um conceito que envolve responsabilidade e zelo e que se apresenta na atividade produtiva, porém, com ritmo e ações coadunando com o ritmo de reposição da natureza.

As atividades industriais sustentam-se na égide filosófica de Platão de que a natureza está para servir o homem, e sobre a égide da propriedade. Estas duas combinações sustentaram e justificaram muitas, ou quase todas, as ações explorativas do homem na busca insaciável do poder.

Não é científico afirmar que esta necessidade de poder é algo inato do homem. Não é científico porque homem e poder não são variáveis que se podem relacionar diretamente, mas apenas por evidências. Também não é importante aqui discutir a natureza humana, mas apenas e simplesmente fazer uso de exemplos da história.

O homem sempre afirmou-se como um “ser superior”, alguns considerando-se representante de Deus na terra, outros então, naturalmente “donos” da terra, eram os casos dos representantes da igreja e os reis. Estas pessoas eram poderosas e, por suas crenças de que efetivamente eram “propriétários”, podiam apropriar-se de tudo o que consideravam seu, inclusive de pessoas. Também faziam uso de seu poder para viver intensamente uma vida de orgias, acasalamento, mandos e desmandos.

Na natureza humana, talvez por questões culturais, a necessidade de apresentar poder é muito forte, e a tradução deste envolve explicitamente a posse e uso de bens. Este senso de propriedade persiste até os dias atuais e está refletido, principalmente, na acumulação de riqueza, em outros termos, acumulação de patrimônio, entendendo-se neste contexto os imóveis, dinheiro e outros capitais e, para obtê-los, o homem criou mecanismos associativos e de trabalho humano.

Todavia, um homem sozinho não consegue trabalhar em sua vida o tempo suficiente para acumular muita riqueza, então passou a fazer uso de recursos de terceiros e, por este entende-se bens da natureza, capital e humanos que , por sua vez, são aplicados em atividades produtivas que, ao final do processo, formam produtos que serão desejados por alguém, o qual irá pagar o valor por ele considerado “justo”.

Neste valor existe uma parcela de lucro e este fica então, com o seu criador, capitalizando-o, onde, após repetidas vezes, multiplicará seu patrimônio. A partir do agrupamento de várias pessoas com esta mesma concepção e atividade originou-se um sistema hoje conhecido por “sistema capitalista”. Não sendo suficiente mais as suas terras, ou por que tem que dividi-la com muitos, ou porque os recursos ficaram “caros” devido à demanda, ou porque estes recursos esgotaram-se, estas interveniências afetaram a lucratividade, assim, estas organizações passaram a fazer uso de novas terras onde os recursos não estão totalmente explorados e ainda encontram-se não inflacionados pela demanda. Este processo recebe o nome de globalização. Devido ao senso de “propriedade” que se apresenta muito fortemente na cultura das sociedades do ocidente, o processo de globalização é tipicamente ocidental.

Bem, o que isto tem a ver com a sustentabilidade? Nada! Não é bem assim, se a atividade industrial deseja manter sua continuidade, então precisa preocupar-se com o esgotamento dos recursos. Se nas terras ocidentais de origem os recursos já se esvaíram, então nas novas terras eles também irão esvair-se, é só questão de tempo. E depois, o que acontecerá?

Para que o sistema produtivo não entre em colapso, há necessidade de preocupar-se com este problema e de forma muito séria. Inicialmente precisa-se classificar “sustentabilidade” neste texto, entende-se esta por constituir-se de um conjunto de atividades de produção que fazem uso direto dos recursos naturais, capital e humano. Não se está utilizando o conceito de “sustentabilidade econômica” neste texto, por exemplo, pois esta refere-se à obtenção de lucro por uma organização para que esta possa capitalizar-se e manter sua continuidade.

Entende-se “sustentabilidade” como sendo a utilização dos recursos naturais no mesmo nível de reposição destes pela natureza. Assim, vê-se imediatamente que é difícil mudar um sistema produtivo construído sob a égide filosófica de que a natureza serve o homem. Para que o conceito de “sustentabilidade” possa realmente prevalecer, muito há o que mudar, o qual deverá ocorrer primeiro no homem para depois serem aplicados nas atividades realizadas pelo próprio homem. Muitos aspectos culturais deverão ser revisados e mudados, talvez até o foco de uma sociedade deverá mudar.

O fator “poder”, tão entranhado no homem, deverá receber novas concepções, deverá moderniza-se e adequar-se às novas noções ecológicas. Todos, de todas as sociedades deverão modificar alguns de seus aspectos culturais, em especial a necessidade de poder, de prazer, individualismo e solidariedade, de comunidade e propriedade, dentre outros.

A partir de novas concepções de alguns aspectos culturais, as atividades produtivas poderão tornar-se sustentáveis. Nem todas as atividades apresentam-se em condições de serem sustentáveis, exemplificando as explorações de minerais, fato este que as levará à sucumbência devido às novas ordens econômicas e sociais, enquanto que novas formas de atividades produtivas surgirão.

Por: Adelaide M. B.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Natureza, Sociedade e Globalização

NATUREZA, SOCIEDADE E GLOBALIZAÇÃO

A globalização é um processo exclusivamente ocidental e caracteriza-se pela penetração de uma cultura em outra cultura, onde o foco da primeira é a exploração dos recursos naturais e humanos a serem utilizados na sua própria manutenção e sobrevivência.

Geralmente as sociedades invasoras apresentam traços culturais mais fortes nos aspectos “propriedade” e são focadas em tecnologia e conhecimento, o que as leva a serem extremamente guerreiras, altamente competitivas e dominantes.

Acompanhando a invasão vêm os traços culturais da sociedade dominante, surgindo então o processo de aculturamento da nação invadida, que se caracteriza por um processo “em marcha” de transferência de traços culturais. Neste processo, a sociedade invadida pode aceitar ou não as novas culturas. Havendo aceitação, a invasão acontece de forma pacífica, em não acontecendo e, em havendo imposição da sociedade invasora, esta se dará de forma forçada, conhecida por “guerra”. As guerras entre nações já não existem mais, como nos moldes da idade média, porém, algumas sociedades ainda a praticam.

Hodiernamente, as invasões acontecem no nível da tecnologia e atividades industriais com a devida aceitação do país invadido. Independente do “tipo” de invasão, todas tem uma única intenção, o domínio da nação invadida, parcial ou total, para exploração dos recursos naturais e humanos. Geralmente as nações invadidas apresentam traços culturais menos dominantes e foco não voltado à tecnologia e conhecimento, o que permite a fácil aceitação do processo de globalização.

A globalização não é totalmente perniciosa, desde que a riqueza gerada por ela seja reinvestida no próprio país invadido, porém, não é o que a realidade apresenta. Alguns traços culturais são introduzidos na sociedade invadida e, sabendo-se que cultura é algo que se aprende, então o país invadido sofrerá um processo de aculturamento. Se este processo for bem conduzido, o país submetido poderá beneficiar-se no que diz respeito à “renda per capita”, nível de instrução, acesso às tecnologias, melhora nos serviços de saúde e no conforto do lar. Porém, não havendo acompanhamento, a tendência é de aumento da pobreza na nação invadida.

Além das introduções já apresentadas, a globalização traz consigo outros traços culturais voltados à conduta social os quais podem ser aceitos ou não. Geralmente estas novas “condutas” quando apresentam características liberais são mais aceitas pela classe jovem e feminina, considerando que esta classe é a que compõe a maioria da população ativa, então o processo de invasão afeta definitivamente a cultura do país invadido, difundindo-se na sociedade.

A globalização ou a não globalização são processos que afetam a natureza de forma negativa, isto quer dizer que não é por causa destes processos que os recursos naturais vem apresentando traços de esgotamento. Não se pode culpá-la unicamente, o que se pode é responsabilizá-la pela rapidez com que este esgotamento vem acontecendo. Uma afirmação pode ser dita: a globalização acelera o processo de exploração dos recursos ambientais.

Não se pode afirmar, todavia, que a globalização é um processo unicamente do sistema capitalista, uma vez que todo e qualquer sistemas quer sobreviver e, se o mundo estivesse sob domínio de um outro sistema de exploração, o esgotamento dos recursos naturais e o uso inconseqüente dos recursos humanos dar-se-ia da mesma forma, poderia, entretanto, ocorrer de forma menos agressiva.

A quem então, poderíamos responsabilizar? Ao homem, nós, seres humanos que se dizem “inteligentes”. Somos construídos sob fortes condutas culturais, submeditos aos sistemas que nós mesmos criamos - religioso, familiar, de governo, capitalismo, socialismo, comunismo e todos os demais “ismos”, etc... São uma infinidade de sistemas que formam uma teia ao qual nós, simples seres humanos, estamos fixados, viciados, vidrados e cegos.

Precisamos mudar nossa forma de ver o mundo, precisamos aprender a dividir, compartilhar, a pensar no futuro de nossas sociedades. Globalização, natureza e sociedade formam uma tríade que pode apresentar equilíbrio de forças, ou então, pode apresentar desequilíbrios, fato este que traz conseqüências desastrosas para os seres humanos.

Por: Adelaide M. B.

---x---x---

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Crise ambiental: causas e soluções possíveis

CRISE AMBIENTAL: CAUSAS E SOLUÇÕES POSSÍVEIS

Poderia-se afirmar que a crise ambiental que atualmente assola o planeta tem sua origem no modelo capitalista de sistema produtivo, todavia, esta é uma afirmação um tanto quanto empírica. Muitos são os fatores que dão origem à crise ambiental, podendo-se citar o número de habitantes no planeta, a avidez pela apropriação de patrimônio e busca da riqueza, alguns aspectos culturais que podem ser considerados “não evoluídos”, e também a finitude dos recursos naturais.

A crise é, na verdade, conseqüência de ações antrópicas, as quais foram realizadas sem qualquer preocupação com a continuidade e/ou manutenção dos recursos naturais, sem qualquer preocupação com os efeitos na natureza e no homem. Esta forma de pensar e agir do homem, construiu-se e, principalmente sustentou-se pela filosófica de Platão, que afirmava que a “a natureza está para servir o homem”. Adicionando-se a esta égide, outras existiram, quais eram: a de que o homem é o representante de Deus aqui na terra e que, portanto, tem o poder da propriedade e do domínio, e a de que o homem é proprietário dos bens existentes no planeta.

Estas outras duas égides pertenciam aos representantes da igreja e aos reis, respectivamente, quanto aos demais homens, simples mortais, sobravam-lhes a aceitação da pobreza, da escravidão e da servidão.

Com estas concepções e com as revoluções ocorridas na agricultura, economia, tecnologia, em alguns aspectos culturais, os atos antrópicos foram ampliando-se passando também para as pessoas comuns. Assim, os conceitos de propriedade e riqueza, adicionado ao prazer do “poder”, disseminou-se para toda a população do planeta. Considerando que os recursos naturais são finitos e, considerando que a avidez do homem é infinita, não há compatibilidade entre estes dois elementos, fato este que leva inevitavelmente a um choque entre as necessidades humanas e o fornecimento de recursos pela natureza.

Compreendendo a origem da crise ambiental, pode-se descrevê-la como sendo um desequilíbrio entre a oferta de recursos pela natureza e a demanda destes recursos pelo homem para atender suas necessidades. Este desequilíbrio está representado no fornecimento de alimentos – vegetais, animais e peixe, na água doce disponível no planeta, na disponibilidade de terras cultiváveis, no desequilíbrio dos ecossistemas e, por fim, no aquecimento global. A crise ambiental afeta, também, a condição de vida das pessoas, ou seja, menos alimentos, ressurgimento de doenças consideradas erradicadas e aparecimento de novas doenças de natureza psíquicas e psico-sociais, tal como a depressão, por exemplo.

A crise ambiental esta presente em todos os elementos da natureza e pode, analiticamente, ser verificada no desmatamento de florestas, pela poluição das águas doces e marinhas, poluição esta composta de produtos químicos, orgânicos, lixo doméstico, de construção civil e industrial, pelas movimentações de terras provocadas por terraplenagens fazendo com que areias e outros materiais sólidos cheguem até os rios, lagos e mares, provocando assoreamento; Pelas construções de grandes cidades e conseqüente uso de cimento e asfalto; Na agricultura caracteriza-se pela monocultura, uso excessivo de água doce nas plantações, pelo uso de agrotóxicos e herbicidas; Na pecuária pelo desmatamento de florestas para abrir áreas de pastagens, pela fabricação de rações, pelo gás metano que os animais liberam; No setor produtivo apresenta-se a emissão de gases de efeito estufa e vapores d’água, de gases tóxicos e partículas sólidas no ar, além de outros resíduos que chegam ao solo e na água, e até mesmo a liberação de água aquecida das indústrias nos mananciais da região.

Todas estas ações antrópicas afetam dois elementos básicos da natureza: o clima e o ecossistema. Dos dois, o clima é o que traz maiores problemas em nível mundial uma vez que afeta todos os ecossistemas e o próprio homem, enquanto que o ecossistema pode trazer conseqüências locais apenas, mas pode afetar também em níveis maiores e até mundiais quanto estes ecossistemas forem os mares e as florestas tropicais. O número excessivo de habitantes no planeta também traz problemas ambientais, uma vez que aumentam a necessidade de alimentos, moradia, vestuário, medicamentos, etc...

Algumas possíveis soluções podem ser apresentadas, algumas de natureza tecnológica, outras mecânicas, todavia, estas são soluções paleativas. Elas dificilmente apresentam soluções efetivas porque necessitam vir acompanhadas de mudança cultural. O maior e mais importante caminho para efetivamente apresentar soluções está na mudança de cultura de uma sociedade.

Não é mais possível acreditar que “a natureza está para servir o homem”. Como é possível acreditar nesta afirmação se somos feitos dos mesmos elementos químicos e orgânicos que todos os elementos do planeta? Por que o homem insiste em ser diferente, em adaptar a natureza ao seu modo de vida?

Novas concepções culturais terão que ser construídas, sentimentos de coletividade terão que ser fortalecidos, consciência de que somos todos iguais orgânica e quimicamente, a aceitação do próximo como um ser humano igual a todos. Precisamos reduzir imediatamente o nível de consumo, de ostentação, de achar que um ser humano é superior ao outro, que a espécie humana é feita de raças diferentes sendo umas melhores do que a outra.

Pode-se afirmar, por outro lado, que a tecnologia está para facilitar a vida das pessoas, todavia, esta deve apresentar uma nova concepção de aplicação, a de solucionar os problemas que o próprio homem criou. Estas ações devem ser implantadas imediatamente e, paralelamente, há necessidade de se reconstruir alguns aspectos culturais, quem sabe até o foco de uma sociedade.

Por: Adelaide M.B.

---x----x---