quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Manguezal

Ecossistema chamado Manguezal

O que é um manguezal?
Popularmente chamado de mangue, caracteriza-se por ser terreno baixo, constituído de vasas (lama) de depósitos recentes junto à costa. Mangue também é a designação de árvores, ou conjunto de árvores arbustos e gramíneas - (plantas halófitas), que habitam regiões justamarítimas sujeita a marés, nos trópicos, em áreas quentes e úmidas. Ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, apresentando terreno pantanoso, localizando-se em margens de lagoas, portos, desaguadouros dos rios, lagunas e reentrâncias costeiras onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. (Dic. Michaelis, 2011; Lacerda et al, 2011; Costa, 2011; FERREIRA, 2009; GERRA, 1997; SUGUIO, 1998.)

Regiões no mundo  - Os manguezais ocorrem em regiões costeiras, ao seu longo, entre as latitudes 35º.N e 38º.S. Do total de manguezais no mundo, os da América Latina e Caribe representam em torno de 29%, Africanos, 23% e os Asiáticos (região Indo-Pacífica) em torno de 48%. As regiões biogeográficas são: Oeste e Leste das Américas, Oeste e Leste da África, Indo-Malásia e a Australásia.  Estima-se que 70% das zonas costeiras tropicais e subtropicais sejam cobertas por manguezais, correspondendo a aproximadamente 15 milhões de hectares em todo o mundo. (REZENDE, 2009).

Manguezais no BrasilNo Brasil os mangues localizam-se de forma descontínua ao longo da costa, sendo o limite norte no Oiapoque, Estado do Amapá, a 04º.30’ N, e o limite sul em Laguna, a 28º.39’S. Os estados com maior área de manguezal são o Pará, Amapá, Maranhão e Bahia. Existem aproximadamente 172 000 km² de manguezais, deste, cerca de 15%, cerca de 26.000 km², distribuem-se pelo litoral do Brasil, desde o estado do Amapá até Laguna, em Santa Catarina. Em Pernambuco existem cerca de 270 quilômetros quadrados de manguezais, na Paraíba, cerca de 160 quilômetros quadrados. O Maranhão detém 85% dos manguezais da região norte-nordeste, o que equivale a 500 mil hectares. A ilha de Fernando de Noronha é a possuidora da menor extensão de manguezal no país. (REZENDE, 2009; COSTA, 2011)

Solo  -  O solo é uma espécie de lama escura e mole. (Ferreira, 2009, pg. 1266).  Os substratos desses ambientes são, em geral, lamosos e ricos em matéria orgânica. (SUGUIO, 1998).  O solo do manguezal caracteriza-se por ser úmido, salgado, lodoso, pobre em oxigênio e muito rico em nutrientes. Por possuir grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, por vezes apresenta odor característico, mais acentuado se houver poluição. Essa matéria orgânica serve de alimento à base de uma extensa cadeia alimentar, como por exemplo, crustáceos e algumas espécies de peixes. O solo do manguezal serve como habitat para diversas espécies, como caranguejos. (COSTA, 2011). Diferentes espécies de mangues (vegetação) toleram diferentes graus de acidez e condições anaeróbicas dos solos, fator que influencia naturalmente a distribuição e zonação das espécies de árvores em cada local. Os animais cavadores (caranguejo, lagostas de mangue) contribuem para a oxigenação do solo ao formarem galerias subterrâneas. No solo, a biomassa radicular pode ser considerável e mesmo superior à que está acima do solo, contribuindo para a retenção e absorção das águas intersticiais e de marés. A maioria dos materiais depositados é compactada pelo movimento das marés e a estratificação se desenvolve em função da ação mecânica, além da atividade química bacteriana, tornando este solo deficiente em oxigênio ou mesmo anóxico, e o Ph pode se tornar muito baixo. Os solos mais altos dos mangues, acima do nível da maré, tornam-se ácidos, aos poucos, em virtude da redução de sulfetos a sulfatos e conseqüente formação de ácido sulfúrico. O ciclo do carbono, nitrogênio, fósforo, silício, magnésio, sódio, cobalto, enxofre, ferro, molibdênio entre outros, não são ainda conhecidos integralmente. (para maiores estudos pode ser consultado Manual sobre o Papel dos Microrganismos na Ciclagem de Nutrientes em Solos e Águas de Manguezais (Manual of the of Role of Micro-organisms in Nutrient Cycling of mangrove Sois and Waters, 1988 – Projeto UNESCO para Ásia e Pacífico)). Pouco também se conhece sobre a microbiologia dos solos  e águas dos manguezais.  (VANUCCI, 2002).

A água  -  São ricas em animais detritívoros, e dos que se alimentam de organismos do fundo – tanto herbívoros como carnívoros. Seus nichos ecológicos são frequentemente determinados pelo tamanho das partículas que filtram da água e usam como alimento.  As larvas de camarões peneídeos são transportadas com a maré enchente e se agarram a qualquer suporte no fundo dos riachos na vazante. Vários peixes anádronos desovam nos manguezais, enquanto que alguns adultos se alimentam nos manguezais e migram para outros lugares para a desova. Os sirênios, mamíferos representados pelos dugongos na Àsia e pelo peixe-boi nas Américas, pastam a macroflora das águas doces e salobras. Seguem-se na rede trófica os seres ictiófagos e outros carnívoros, como as lontras, golfinhos e algumas aves, como a águia dos mangues. (VANUCCI, 2002).

O fitoplâncton - (diatomáceas, flagelados e microflagelados), é escasso nas águas interiores dos manguezais, aumentando à medida que segue em direção aos estuários e mar, conforme vai recebendo luz solar o nível de absorção de CO2 iguala-se à produção de oxigênio. A água do mar traz nutrientes que se completam com os elementos que vem da terra. Nas águas de pântano ocorrem mais quimiossíntese do que fotossíntese devido à escassez de oxigênio nestes ambientes. Quando o manguezal apresenta pouca quantidade de florestas e pouco material terrígeno, maior será a quantidade de água do mar na composição, fator que leva a uma água mais transparente, como é o caso dos mangues de Cuba e da maioria das ilhas do Caribe e em ilhas oceânicas. Nestes locais, a salinidade é bastante alta, permitindo que esponjas, hidróides, cracas anêmonas-do-mar e até mesmo algas desenvolvam-se nestes ambientes. As águas que fluem dos manguezais apresentam quantidades de matéria orgânica dissolvida (MOD), na forma de nutrientes: nitratos, nitritos, fosfatos, silicatos e elementos-traços, e também elementos químicos nocivos, tais como flavonóides, ácidos tânicos e derivados, os quais lhes dão a coloração marrom-ferruginosa. Estas águas devem ser vistas como um grande caldeirão em que um caldo altamente nutritivo é fermentado de forma muito eficiente por uma flora bacteriana muito ativa. (VANUCCI, 2002).

Vegetação  -  Em virtude do solo salino e da deficiência de oxigênio, nos manguezais predominam os vegetais halófilos, em formações de vegetação litorânea ou em formações lodosas. As suas longas raízes permitem a sustentação das árvores no solo lodoso. Os manguezais são encontrados ao longo de todo o litoral brasileiro, onde as principais espécies de árvores típicas deste bioma são:
• Rhizophora mangle (mangue-vermelho) – próprio de solos lodosos, com raízes aéreas;
• Laguncularia racemosa (mangue-branco) – encontrado em terrenos mais altos, de solo mais firme, associado a formações arenosas;
• Avicennia schaueriana (mangue-preto, canoé);
• Conocarpus erectus (mangue-de-botão). (COSTA,2012)

A hidrodinâmica do fluxo de água doce e salgada determina a zonação e desenvolvimento estrutural da cobertura vegetal. (LACERDA et al, 2012). A fragmentação mecânica das folhas dos mangues e outros materiais vegetais pelos animais do manguezal (caranguejo, jacarés, lontras), é muito importante porque as plantas de manguezal são xerófitas fisiológicas, permitindo desta forma que elas se deteriorem. Aproximadamente 62 espécies de 7 híbridos de plantas de mangue são reconhecidas, a maioria encontrada no Velho Mundo. (Duke, 1992, apud REZENDE et al, 2009). A estrutura dos manguezais é relativamente simples quando comparada a outros tipos de florestas. O número de estratos é frequentemente reduzido a um dossel principal. Próximos ao Equador são encontrados manguezais com melhor desenvolvimento estrutural, isto devido à abundância de chuvas, temperatura e amplitude das marés são mais elevadas, baixa razão entre a precipitação e evaporação e a variação sazonal do clima é reduzida. No Maranhão, por exemplo, as árvores podem atingir até 45 m de altura e excederem 80 cm de diâmetro. (REZENDE et al, 2009).

Ciclo de Maré - O processo hidrológico de marés exerce papel determinante na estrutura e funcionamento dos manguezais, controlando a biogeoquímica das florestas e definindo períodos distintos de atividade metabólica. Ao subir a maré o oxigênio fornecido pela atmosfera é interrompido com os organismos aeróbicos esgotando-o, tornando-se quiescentes. O meio sedimentar torna-se anaeróbico com pequenas zonas aeróbicas em volta das raízes, proliferando-se os organismos anaeróbicos por utilizarem os compostos de carbono como substrato e o oxigênio presente no sulfato das águas de inundação como aceptor de elétrons na respiração. Este processo gera uma reação química que libera grande quantidade de compostos para as águas intersticiais e de inundação, que com a maré vazante parte destes compostos é transferida para o sistema costeiro adjacente. O fluxo de maré provoca uma troca de materiais entre o sedimento e o sistema hídrico, onde as interações deste processo acontecem por meio da “ressuspensão” e “advecção e difusão”. (REZENDE et al, 2009).

Fauna - Nesses ecossistemas se alimentam e reproduzem mamíferos, aves, peixes, moluscos e crustáceos – macacos, garças brancas, jacarés, caranguejos, lontras, dogongos, golfinhos, peixes-boi, rãs, cobras-d’água, tartarugas, gato-do-manguezal, dentre outros peixes, anfíbios, mamíferos, répteis e aves.  (VANUCCI, 2002; COSTA, 2012)

Tipos de Manguezal – Estuário - Um estuário é um corpo d´água semicercado pelo continente, que apresenta uma conexão livre com o oceano aberto e no qual a água do mar é mensuravelmente diluída com a água doce derivada da drenagem continental.  O Estuário é um tipo de ambiente que gera uma grande variação dos parâmetros físico-químicos, a partir da mistura das massas d’água de densidades diferentes. A matéria orgânica presente no estuário contribui para a produtividade primária na zona costeira.  (LACERDA et al, 2012).

Tipos de manguezal - Pântanos - Porção de terreno, junto às margens dos pequenos e grandes cursos d'água, coberto de vegetação e uma delgada camada de águas paradas. (Dic. Michaelis, 2012).

Aspectos antrópicos - Impactos ambientais - Os principais fatores que causam alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do manguezal são:
• Aterro e Desmatamento
• Queimadas
• Deposição de lixo
• Lançamento de esgoto
• Lançamentos de efluentes industriais
• Dragagens
• Construções de marinas
• Pesca predatória

De acordo com Schaeffer-Novelli & Cintron-Molero (1993) apud Lacerda (2012), os manguezais afetados por derramamento de petróleo, substituídos por salinas e utilizados em projetos de aqüicultura têm pouca ou nenhuma probabilidade de recuperação, em decorrência da grande alteração estrutural, mudança de pH do sedimento, e drenagem do terreno. (LACERDA et al, 2012). O esgoto tratado, assim como os fertilizantes podem ser benéficos para a vegetação, entretanto, o esgoto, industrial principalmente, geralmente contém substâncias nocivas, inclusive metais pesados, os quais podem ser lixiviados para áreas costeiras, absorvidos e imobilizados nos tecidos de espécies marinhas que servem de alimentos, como os bivalves, por exemplo. (VANUCCI, 2002).

Importância no ecossistema marinho  -  Os manguezais constituem formações de reconhecida riqueza, tendo um papel importante na regulação do meio ambiente e um alto valor econômico, sendo um dos ambientes mais específicos e importantes que existem. Este ecossistema é extremamente produtivo e para além do que produz, transforma matéria orgânica a qual é transferida para os outros ecossistemas, nomeadamente os recifes de coral e tapetes de ervas marinhas. É também um sistema que tem funções de "limpeza" da água que é drenada da terra para o mar (até uma determinada capacidade filtra elementos como toxinas, químicos, hidrocarbonetos, etc.). O manguezal é importante na prevenção da erosão da costa e das margens dos rios, na redução das cheias e na reprodução das espécies marinhas, como é o caso do camarão. Constituem fontes de medicamentos, material de construção, alimento (peixe, outros mariscos, frutos, etc.), combustível lenhoso, entre outros usos. (CDS, 2012)
Nas profundezas de florestas de manguezal os produtores primários mais importante são as árvores da floresta, que são os responsáveis pela produtividade da rede trófica do manguezal, devido à reciclagem de detritos. Longe da costa, além da plataforma continental e insular, e a profundidade de 2 mil metros, encontrou-se material de mangues e de gramíneas marinhas fazendo parte do conteúdo estomacal da fauna bêntica. (VANUCCI, 2002). Os manguezais juntos com os alagados marinhos “provavelmente” desempenham um significante papel no ciclo global do carbono, observação esta que ganha relevância especial diante do fato que os ecossistemas da zona entremarés estão sofrendo uma rápida destruição. 21% da população mundial vive em uma distância de até 30 km da costa, realizando diversas ações antrópicas prejudicando diretamente os manguezais. Se o nível do mar aumentar, a sucessão natural dificilmente se sustentará e a destruição das áreas alagadas tem sido estimada em 50% do que existia no mundo no ano de 1900. (REZENDE, 2009). Os manguezais funcionam como estoque de matéria orgânica e cerca de 50% da produtividade primária é exportada para os oceanos na forma de matéria orgânica, fator este que potencializa a atividade microbiana nas zonas entremarés e na plataforma continental, refletindo-se numa das maiores fontes de nitrogênio na forma reduzida para os oceanos. (REZENDE, 2009).
Curiosidades - Os manguezais têm se tornado cada vez mais familiar nos aquários marinhos e refúgios. No entanto, apesar desse crescimento do seu uso no hobby, ainda são pouco compreendidos. A biodiversidade dos manguezais se traduz em significativa fonte de alimentos para as populações humanas.

REFERÊNCIA
CDS - Centro de Desenvolvimento Sustentável para as Zonas. Ecossistemas.  MICOA Ministério para a Coordenação da Acção.  Disponível em: <http://www.zonascosteiras.gov.mz/article.php3?id_article=13> acessado em 16/02/2011m as 21:17 hrs.

COSTA, Denis. Sistema de mangues no aquarismo marinho. AquaBahia. Disponível em:

FERREIRA, Aurelio B. de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 4ª. Ed. Curitiba : Editora Positivo, 2009.
__________. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3ª. Ed. –Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999.
GERRA, Antonio Teixeira. Novo Dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro :Bertrand Brasil 1997.
Lacerda, L.D.; Mounier, S.; Marins, R.V.1 & Paraquetti, H.H.M.  Distribuição de mercúrio em águas superficiais e intersticiais do manguezal do estuário do Rio Pocoti, Ceará.  Instituto de Ciências do Mar (UFC). Fortaleza, CE; Université de Toulon et Du Var. France; Depto. de Geoquímica (UFF). Niterói-RJ. Disponível em: <http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:fYx8CgWIu-sJ:scholar.google.com/+manguezal&hl=pt-BR&as_sdt=0,5> acessado em 16/02/2012, as21:30 hrs.
REZENDE, Carlos Eduardo et al. Ecologia e Biogeoquímica de Manguezal (Cap. 15). PEREIRA, Renato C.; SOARES-GOMES, Abílio. (org(s)). Biologia Marinha. 2ª. Ed. – Rio de Janeiro : Interciência, 2009.
SUGUIO, Kenitiro. Dicionário de geologia sedimentar e áreas afins. – Rio de Janeiro : Bertrand Brasil. 1998)
VANUCCI, Marta. Os manguezais e nós: uma síntese de percepção. 2ª. Ed.- São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo. (e-books). Disponível em: http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=fqjBxkbwUtkC&oi=fnd&pg=PA12&dq=o+manguezal&ots=akp1D_tPWp&sig=r9CTc3U4KBxbWJopXWWt5vLX_h4#v=onepage&q=o%20manguezal&f=false> acessado em 17/02/2012, as 11:05 hrs.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

BIOINVASÃO MARINHA

Bioinvasão é “o ato ou efeito de um ou mais organismos invadirem e se estabelecerem em ambientes onde não haviam registros anteriores para a espécie.” (SOUZA et al, 2011). Nos últimos dois séculos vem surgindo uma nova biogeografia marinha, mudando a distribuição de espécies nos mares do planeta. Existem dois tipos de invasão de uma espécie para uma área onde não existiam: a) expansões, que ocorrem naturalmente, e as introduções, que ocorrem por atividades humanas intencionais ou não.

Terminologia, segundo Souza et al (2011), retirado de Falk-Petersen et al, 2006; MMA (no prelo); Carlton, 1996; e Elliott, 2003):
a) Nativa, indígena, original -  espécie que ocorre dentro da sua área de distribuição natural, na qual se estabeleceu sem a intervenção de atividades humanas;
b) Endêmica - espécie nativa restrita a uma região ou localidade específica;
c) Criptogênica  - espécie de origem biogeográfica desconhecida ou incerta, este termo deve ser empregado quando não existe uma evidência clara de que a espécie seja nativa ou exótica;
d) Exótica, introduzida, não nativa, não indígena, alienígena - espécie que se encontra fora da sua área de distribuição original, tendo sido transportada por atividades humanans em tempos históricos. Estão incluídos ovos, sementes, esporos, cistos, etc. com capacidade reprodutiva;
e) Contida - espécie exótica que ocorre apenas em ambientes artificiais ou sob controle total ou parcial. Exemplo: aquário comercial, aquicultura, cultivos científicos, tanques de lastro, etc.;
f) Detectada  - registro isolado de uma espécie exótica em ambiente natural sem aumento de abundância e/ou dispersão ou sem informações de ocorrência posterior;
g) Estabelecida - espécie introduzida detectada de forma recorrrente em uma área onde não ocorria, com população autossustentável e indícios de aumento populacional;
h) Naturalizada - espécie exótica estabelecida, que interage com as demais espécies;
i Invasora ou invasiva - quando a espécie estabelecida possui abundância e/ou dispersão geográfica que interfere na capacidade de sobrevivência das demais espécies em uma área específica ou em uma ampla região geográfica;
j) Invasora ou potencial - qualquer espécie enquadrada nas categorias "contida", "detectada" ou "estabelecida", sendo, portanto, uma invasora em potencial;
k) Fase de latência - período necessário para que uma espécie, sob determinadas condições, se adapte, passe a reproduzir e a disseminar-se;
l) Nociva ou peste - espécie invasora responsabilizada por danos causados ao ambiente, à biota local, à saúde humana e/ou à economia;
m) Vetor - meio pelo qual uma espécie é transportada de um local para outro;
n) Vetor potencial - provável vetor de introdução de uma espécie;
o) Rota de invasão - trajetória pela qual ocorreu o transporte de uma espécie introduzida, desde a área doadora até a receptora ou do local de origem até o destino.

Vetores da bioinvasão – denomina-se vetor àquele meio que serve de veículo para transporte de espécie(s) de um local doador para um local receptor. São vetores, segundo Souza et al (2009), retirado de CARLTON, 2001: navios, plataformas, diques secos, bóias de navegação e flutuantes, aviões-anfíbio e hidroaviões, canais, aquários públicos, pesquisa (científica ou não), detritos marinhos flutuantes, pesca, inclusive aqüicultura marinha (maricultura), aquários domésticos, restauração, educação (pelo descarte de espécies após uso em aula prática), equipamentos de recreação.

Vetores potenciais de introdução de organismos no ambiente marinho brasileiro, segundo Souza et al (2009), retirado do MMA, no prelo):


GruposVetores Potenciais
BiológicosÁgua de LastroMariculturaHomemCorrentes marinhasOrganismo marinhoAquariofiliaIncrustaçãoBóias de navegaçãoPlataformasCultivo científicoEmbarcações de recreaçãoEscape de cultivo
Bactérias pelágicas
x

x

x







Fitoplâncton
x
x










Zooplâncton
x


x








Macroalgas
x
x










Zoobentos
x
x

x
x
x
x
x
x
x
x
x
Ictiofauna
x












 Quadro 01 – Vetores potenciais e Grupos biológicos
Fonte:Souza et al (2009)

A bioinvasão pode ser utilizada em estudos ecológicos para analisar as interações biológicas em populações e comunidades, e em estudos biogeográficos para compreender os padrões de distribuição da biodiversidade.

No Brasil – a bioinvasão pode ser separada em três fases: até o século XIX, século XX e a partir do século XXI, segundo Souza et al (2009):

SÉCULO XXI
- Mytilopsis leucophaeta, Tubastraea tagusensis, Tubastraea coccinea, Pseudopolydora achaeta,
   Myoforceps aristatus (2004)
- Phyllopodopsyllus setouchiensis (2002-2003)
- Bostricobranchus digonas, Omobranchus punctatus, Scrupocellaria diadema, Pseudopolydora diopatra,
  Polybius nabigator (2002)
- Derbesia turbinata, Derbesia tenuissima, Cladophora submarina, Chaetomorpha spiralis, Caulerpa
  nummularia (2001-2002)
- Leptocaris trisetosus, Halicyclops venezuelaensis, Leptocaris gurneyi, Apocyclops panamensis (2001-
   2002)
- Sphaeroma serratum, Caulerpa sc alpelliformis (2001)
SÉCULO XX
- Acanthurus monroviae, Pseudopolydora paucibranchiata (1999)
- Pilumnoides perlatus, Heniochus acuminatus, Butis koilomatodon, Paracyclopina longifurca (2000)
- Poydora cornuta, Boccardiella bihamata, Kappaphycus alverezii, Gymnodinium catenatum,
   Rhithropanopeus harrisii (1998)
- Anotrichium yagii (1997-98)
- Alexandrium tamarense, Taliepus dentatus (1996)
- Metapenaeus monocerus, Charybdis hellerii, Polydora nuchalis (1995)
- Isognomon bicolor, Pseudopolydora antennata (1994)
- Amphibalanus retuculatus (1990)
- Chromonephthea braziliensis (Década de 1990)
- Pyromaia tuberculata, Bellia picta (1989)
- Penaeus monodon (1987)
- Porphyra suborbiculata (1985)
- Coscinodiscus wailesi, Litopenaeus stylirostris, Pleopis schmackeri, Apocyclops borneoensis, Scylla
   serrata (1983)
- Chirona (Striatobalanus) amaryllis (1982) Temora turbinata (Década de 1980)
- Pseudodiaptomus trihamatus (1977)
- Litopenaeus vannamei (1971-72)
- Megabalanus coccopoma (1974)
- Crassostrea gigas (1970)
- Dasya brasiliensis (1963)
- Ciona intestinalis (1958)
- Ascidia sydneiensis (1956)
- Cancer pagurus (1930)
DESCOBRIMENTO DO BRASIL
- Vibrio cholerae 01 (1852, 1959, 1991, 1999)
- Styela plicata (1883)
- Perna perna (Séc. XVIII-XIX)

Por: Adelaide M. B.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

SOUZA, Rosa Cristina C. L. de.; FERREIRA, Carlos Eduardo L.; PEREIRA, Renato Crespo. Bioinvasão Marinha. In: PEREIRA, Renato Crespo (Org.). Biologia Marinha. 2ª. Ed. – Rio de Janeiro : Interciência, 2009.

domingo, 18 de dezembro de 2011

SUSTENTABILIDADE E GLOBALIZAÇÃO

SUSTENTABILIDADE E GLOBALIZAÇÃO

Dois vernáculos que nada tem de similaridade ou de causa e consequência. A globalização é um processo de expansão da atividade produtiva além das suas terras de origem, é um processo que invade outros territórios, enquanto que a sustentabilidade é um conceito que envolve responsabilidade e zelo e que se apresenta na atividade produtiva, porém, com ritmo e ações coadunando com o ritmo de reposição da natureza.

As atividades industriais sustentam-se na égide filosófica de Platão de que a natureza está para servir o homem, e sobre a égide da propriedade. Estas duas combinações sustentaram e justificaram muitas, ou quase todas, as ações explorativas do homem na busca insaciável do poder.

Não é científico afirmar que esta necessidade de poder é algo inato do homem. Não é científico porque homem e poder não são variáveis que se podem relacionar diretamente, mas apenas por evidências. Também não é importante aqui discutir a natureza humana, mas apenas e simplesmente fazer uso de exemplos da história.

O homem sempre afirmou-se como um “ser superior”, alguns considerando-se representante de Deus na terra, outros então, naturalmente “donos” da terra, eram os casos dos representantes da igreja e os reis. Estas pessoas eram poderosas e, por suas crenças de que efetivamente eram “propriétários”, podiam apropriar-se de tudo o que consideravam seu, inclusive de pessoas. Também faziam uso de seu poder para viver intensamente uma vida de orgias, acasalamento, mandos e desmandos.

Na natureza humana, talvez por questões culturais, a necessidade de apresentar poder é muito forte, e a tradução deste envolve explicitamente a posse e uso de bens. Este senso de propriedade persiste até os dias atuais e está refletido, principalmente, na acumulação de riqueza, em outros termos, acumulação de patrimônio, entendendo-se neste contexto os imóveis, dinheiro e outros capitais e, para obtê-los, o homem criou mecanismos associativos e de trabalho humano.

Todavia, um homem sozinho não consegue trabalhar em sua vida o tempo suficiente para acumular muita riqueza, então passou a fazer uso de recursos de terceiros e, por este entende-se bens da natureza, capital e humanos que , por sua vez, são aplicados em atividades produtivas que, ao final do processo, formam produtos que serão desejados por alguém, o qual irá pagar o valor por ele considerado “justo”.

Neste valor existe uma parcela de lucro e este fica então, com o seu criador, capitalizando-o, onde, após repetidas vezes, multiplicará seu patrimônio. A partir do agrupamento de várias pessoas com esta mesma concepção e atividade originou-se um sistema hoje conhecido por “sistema capitalista”. Não sendo suficiente mais as suas terras, ou por que tem que dividi-la com muitos, ou porque os recursos ficaram “caros” devido à demanda, ou porque estes recursos esgotaram-se, estas interveniências afetaram a lucratividade, assim, estas organizações passaram a fazer uso de novas terras onde os recursos não estão totalmente explorados e ainda encontram-se não inflacionados pela demanda. Este processo recebe o nome de globalização. Devido ao senso de “propriedade” que se apresenta muito fortemente na cultura das sociedades do ocidente, o processo de globalização é tipicamente ocidental.

Bem, o que isto tem a ver com a sustentabilidade? Nada! Não é bem assim, se a atividade industrial deseja manter sua continuidade, então precisa preocupar-se com o esgotamento dos recursos. Se nas terras ocidentais de origem os recursos já se esvaíram, então nas novas terras eles também irão esvair-se, é só questão de tempo. E depois, o que acontecerá?

Para que o sistema produtivo não entre em colapso, há necessidade de preocupar-se com este problema e de forma muito séria. Inicialmente precisa-se classificar “sustentabilidade” neste texto, entende-se esta por constituir-se de um conjunto de atividades de produção que fazem uso direto dos recursos naturais, capital e humano. Não se está utilizando o conceito de “sustentabilidade econômica” neste texto, por exemplo, pois esta refere-se à obtenção de lucro por uma organização para que esta possa capitalizar-se e manter sua continuidade.

Entende-se “sustentabilidade” como sendo a utilização dos recursos naturais no mesmo nível de reposição destes pela natureza. Assim, vê-se imediatamente que é difícil mudar um sistema produtivo construído sob a égide filosófica de que a natureza serve o homem. Para que o conceito de “sustentabilidade” possa realmente prevalecer, muito há o que mudar, o qual deverá ocorrer primeiro no homem para depois serem aplicados nas atividades realizadas pelo próprio homem. Muitos aspectos culturais deverão ser revisados e mudados, talvez até o foco de uma sociedade deverá mudar.

O fator “poder”, tão entranhado no homem, deverá receber novas concepções, deverá moderniza-se e adequar-se às novas noções ecológicas. Todos, de todas as sociedades deverão modificar alguns de seus aspectos culturais, em especial a necessidade de poder, de prazer, individualismo e solidariedade, de comunidade e propriedade, dentre outros.

A partir de novas concepções de alguns aspectos culturais, as atividades produtivas poderão tornar-se sustentáveis. Nem todas as atividades apresentam-se em condições de serem sustentáveis, exemplificando as explorações de minerais, fato este que as levará à sucumbência devido às novas ordens econômicas e sociais, enquanto que novas formas de atividades produtivas surgirão.

Por: Adelaide M. B.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Natureza, Sociedade e Globalização

NATUREZA, SOCIEDADE E GLOBALIZAÇÃO

A globalização é um processo exclusivamente ocidental e caracteriza-se pela penetração de uma cultura em outra cultura, onde o foco da primeira é a exploração dos recursos naturais e humanos a serem utilizados na sua própria manutenção e sobrevivência.

Geralmente as sociedades invasoras apresentam traços culturais mais fortes nos aspectos “propriedade” e são focadas em tecnologia e conhecimento, o que as leva a serem extremamente guerreiras, altamente competitivas e dominantes.

Acompanhando a invasão vêm os traços culturais da sociedade dominante, surgindo então o processo de aculturamento da nação invadida, que se caracteriza por um processo “em marcha” de transferência de traços culturais. Neste processo, a sociedade invadida pode aceitar ou não as novas culturas. Havendo aceitação, a invasão acontece de forma pacífica, em não acontecendo e, em havendo imposição da sociedade invasora, esta se dará de forma forçada, conhecida por “guerra”. As guerras entre nações já não existem mais, como nos moldes da idade média, porém, algumas sociedades ainda a praticam.

Hodiernamente, as invasões acontecem no nível da tecnologia e atividades industriais com a devida aceitação do país invadido. Independente do “tipo” de invasão, todas tem uma única intenção, o domínio da nação invadida, parcial ou total, para exploração dos recursos naturais e humanos. Geralmente as nações invadidas apresentam traços culturais menos dominantes e foco não voltado à tecnologia e conhecimento, o que permite a fácil aceitação do processo de globalização.

A globalização não é totalmente perniciosa, desde que a riqueza gerada por ela seja reinvestida no próprio país invadido, porém, não é o que a realidade apresenta. Alguns traços culturais são introduzidos na sociedade invadida e, sabendo-se que cultura é algo que se aprende, então o país invadido sofrerá um processo de aculturamento. Se este processo for bem conduzido, o país submetido poderá beneficiar-se no que diz respeito à “renda per capita”, nível de instrução, acesso às tecnologias, melhora nos serviços de saúde e no conforto do lar. Porém, não havendo acompanhamento, a tendência é de aumento da pobreza na nação invadida.

Além das introduções já apresentadas, a globalização traz consigo outros traços culturais voltados à conduta social os quais podem ser aceitos ou não. Geralmente estas novas “condutas” quando apresentam características liberais são mais aceitas pela classe jovem e feminina, considerando que esta classe é a que compõe a maioria da população ativa, então o processo de invasão afeta definitivamente a cultura do país invadido, difundindo-se na sociedade.

A globalização ou a não globalização são processos que afetam a natureza de forma negativa, isto quer dizer que não é por causa destes processos que os recursos naturais vem apresentando traços de esgotamento. Não se pode culpá-la unicamente, o que se pode é responsabilizá-la pela rapidez com que este esgotamento vem acontecendo. Uma afirmação pode ser dita: a globalização acelera o processo de exploração dos recursos ambientais.

Não se pode afirmar, todavia, que a globalização é um processo unicamente do sistema capitalista, uma vez que todo e qualquer sistemas quer sobreviver e, se o mundo estivesse sob domínio de um outro sistema de exploração, o esgotamento dos recursos naturais e o uso inconseqüente dos recursos humanos dar-se-ia da mesma forma, poderia, entretanto, ocorrer de forma menos agressiva.

A quem então, poderíamos responsabilizar? Ao homem, nós, seres humanos que se dizem “inteligentes”. Somos construídos sob fortes condutas culturais, submeditos aos sistemas que nós mesmos criamos - religioso, familiar, de governo, capitalismo, socialismo, comunismo e todos os demais “ismos”, etc... São uma infinidade de sistemas que formam uma teia ao qual nós, simples seres humanos, estamos fixados, viciados, vidrados e cegos.

Precisamos mudar nossa forma de ver o mundo, precisamos aprender a dividir, compartilhar, a pensar no futuro de nossas sociedades. Globalização, natureza e sociedade formam uma tríade que pode apresentar equilíbrio de forças, ou então, pode apresentar desequilíbrios, fato este que traz conseqüências desastrosas para os seres humanos.

Por: Adelaide M. B.

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Crise ambiental: causas e soluções possíveis

CRISE AMBIENTAL: CAUSAS E SOLUÇÕES POSSÍVEIS

Poderia-se afirmar que a crise ambiental que atualmente assola o planeta tem sua origem no modelo capitalista de sistema produtivo, todavia, esta é uma afirmação um tanto quanto empírica. Muitos são os fatores que dão origem à crise ambiental, podendo-se citar o número de habitantes no planeta, a avidez pela apropriação de patrimônio e busca da riqueza, alguns aspectos culturais que podem ser considerados “não evoluídos”, e também a finitude dos recursos naturais.

A crise é, na verdade, conseqüência de ações antrópicas, as quais foram realizadas sem qualquer preocupação com a continuidade e/ou manutenção dos recursos naturais, sem qualquer preocupação com os efeitos na natureza e no homem. Esta forma de pensar e agir do homem, construiu-se e, principalmente sustentou-se pela filosófica de Platão, que afirmava que a “a natureza está para servir o homem”. Adicionando-se a esta égide, outras existiram, quais eram: a de que o homem é o representante de Deus aqui na terra e que, portanto, tem o poder da propriedade e do domínio, e a de que o homem é proprietário dos bens existentes no planeta.

Estas outras duas égides pertenciam aos representantes da igreja e aos reis, respectivamente, quanto aos demais homens, simples mortais, sobravam-lhes a aceitação da pobreza, da escravidão e da servidão.

Com estas concepções e com as revoluções ocorridas na agricultura, economia, tecnologia, em alguns aspectos culturais, os atos antrópicos foram ampliando-se passando também para as pessoas comuns. Assim, os conceitos de propriedade e riqueza, adicionado ao prazer do “poder”, disseminou-se para toda a população do planeta. Considerando que os recursos naturais são finitos e, considerando que a avidez do homem é infinita, não há compatibilidade entre estes dois elementos, fato este que leva inevitavelmente a um choque entre as necessidades humanas e o fornecimento de recursos pela natureza.

Compreendendo a origem da crise ambiental, pode-se descrevê-la como sendo um desequilíbrio entre a oferta de recursos pela natureza e a demanda destes recursos pelo homem para atender suas necessidades. Este desequilíbrio está representado no fornecimento de alimentos – vegetais, animais e peixe, na água doce disponível no planeta, na disponibilidade de terras cultiváveis, no desequilíbrio dos ecossistemas e, por fim, no aquecimento global. A crise ambiental afeta, também, a condição de vida das pessoas, ou seja, menos alimentos, ressurgimento de doenças consideradas erradicadas e aparecimento de novas doenças de natureza psíquicas e psico-sociais, tal como a depressão, por exemplo.

A crise ambiental esta presente em todos os elementos da natureza e pode, analiticamente, ser verificada no desmatamento de florestas, pela poluição das águas doces e marinhas, poluição esta composta de produtos químicos, orgânicos, lixo doméstico, de construção civil e industrial, pelas movimentações de terras provocadas por terraplenagens fazendo com que areias e outros materiais sólidos cheguem até os rios, lagos e mares, provocando assoreamento; Pelas construções de grandes cidades e conseqüente uso de cimento e asfalto; Na agricultura caracteriza-se pela monocultura, uso excessivo de água doce nas plantações, pelo uso de agrotóxicos e herbicidas; Na pecuária pelo desmatamento de florestas para abrir áreas de pastagens, pela fabricação de rações, pelo gás metano que os animais liberam; No setor produtivo apresenta-se a emissão de gases de efeito estufa e vapores d’água, de gases tóxicos e partículas sólidas no ar, além de outros resíduos que chegam ao solo e na água, e até mesmo a liberação de água aquecida das indústrias nos mananciais da região.

Todas estas ações antrópicas afetam dois elementos básicos da natureza: o clima e o ecossistema. Dos dois, o clima é o que traz maiores problemas em nível mundial uma vez que afeta todos os ecossistemas e o próprio homem, enquanto que o ecossistema pode trazer conseqüências locais apenas, mas pode afetar também em níveis maiores e até mundiais quanto estes ecossistemas forem os mares e as florestas tropicais. O número excessivo de habitantes no planeta também traz problemas ambientais, uma vez que aumentam a necessidade de alimentos, moradia, vestuário, medicamentos, etc...

Algumas possíveis soluções podem ser apresentadas, algumas de natureza tecnológica, outras mecânicas, todavia, estas são soluções paleativas. Elas dificilmente apresentam soluções efetivas porque necessitam vir acompanhadas de mudança cultural. O maior e mais importante caminho para efetivamente apresentar soluções está na mudança de cultura de uma sociedade.

Não é mais possível acreditar que “a natureza está para servir o homem”. Como é possível acreditar nesta afirmação se somos feitos dos mesmos elementos químicos e orgânicos que todos os elementos do planeta? Por que o homem insiste em ser diferente, em adaptar a natureza ao seu modo de vida?

Novas concepções culturais terão que ser construídas, sentimentos de coletividade terão que ser fortalecidos, consciência de que somos todos iguais orgânica e quimicamente, a aceitação do próximo como um ser humano igual a todos. Precisamos reduzir imediatamente o nível de consumo, de ostentação, de achar que um ser humano é superior ao outro, que a espécie humana é feita de raças diferentes sendo umas melhores do que a outra.

Pode-se afirmar, por outro lado, que a tecnologia está para facilitar a vida das pessoas, todavia, esta deve apresentar uma nova concepção de aplicação, a de solucionar os problemas que o próprio homem criou. Estas ações devem ser implantadas imediatamente e, paralelamente, há necessidade de se reconstruir alguns aspectos culturais, quem sabe até o foco de uma sociedade.

Por: Adelaide M.B.

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

CUBOZOA

CUBOZOA: são Cnidários medusóides (medusa é a forma dominante e evidente), pelágicos, com sinos com quatro lados achatados. Margem do sino simples e portanto uma vela e quatro tentáculos ou grupos tentaculares. São encontrados tipicamente no oceano pacífico, em regiões tropicais neríticas. Alguns exemplares foram identificados em águas brasileiras.

São comumente chamadas de “vespas do mar” ou “caixa de geléias” por causa da sua forma e picadas severas.

São complexas em sua estrutura:
- apresentam tamanhos maiores que a maioria das hidromedusas;
- manúbrio mais altamente desenvolvido;
- mesogléia que contém células;
- estômago septado, ou pelo menos um estômago com filamentos grástricos;
- órgãos sensoriais desenvolvidos;
- as gônodas são gastrodérmicas e os ovos, eliminados através da boca, desenvolvem-se em larvas planulares;
- após sedimentação, as plânulas desenvolvem-se em pólipos, que se alimentam e podem reproduzir-se assexuadamente;
- algumas espécies de cubozoários, o estágio polipóide transforma-se diretamente em uma medusa jovem.

Outra característica especial dos cubozoários é serem dotados de visão. Estes animais têm 24 olhos agrupados em conjuntos de seis e dispostos nas quatro faces que compõem o sifão do cubozoário. Cada um destes conjuntos tem dois tipos de olhos: fossas que detectam a luz (semelhantes às observadas nos outros cnidários) e olhos propriamente ditos, extremamente complexos e com a mesma estrutura que o olho humano composto por lente, retina e córnea


ESQUELETO: Possui esqueleto hidrostático, que são limitados pela parede corporal. São endoesqueletos. O corpo é sustentado pela água ligeiramente pressurizada no interior. Propele-se por contração muscular – enche-se de água, expelindo-a em seguida por contração muscular das miofibrilas, fazendo com que se locomova no ambiente. Os esqueletos hidrostáticos são maleáveis, deformando-se quando estressados, e voltando à sua forma original quando removido o estresse.

CAVIDADE GASTROVASCULAR: A cavidade gastrovascular (celêntero) é revestida por uma camada denominada gastroderme, que se assemelha a um trato digestivo e une a epiderme à boca. No celêntero, quatro septos eqüidistantes dividem-no, especializando-se em um estômago central a partir do qual canais radiais se estendem até se unirem a um canal circular marginal. As margens livres dos septos possuem um agrupamento de fios finos, os filamentos gástricos, com a extremidade solta de cada filamento se estendendo livremente no estômago. Estes filamentos gástricos têm nematócitos e células glandulares enzimáticas, que subjugam a presa e auxiliam na digestão. Um ramo do celêntero se estende em cada tentáculo.

A alimentação pode iniciar ainda nos tentáculos quando a presa é então segura pelas cnidas que injetam enzimas proteolíticas na presa. Uma vez no celêntero, células glandulares enzimáticas da gastroderme liberam enzimas, em particular , proteases que digerem extracelularmente até atingir uma mistura de sucos e fragmentos.

A mistura circula ao longo do celêntero para ser absorvida por células epiteliomusculares, células germinativas e outras células gastrodérmicas. O término da digestão é intracelular

Fragmentos grandes de alimentos são fagocitados, onde os lipídios e carboidratos são quebrados, em seguida, são digeridos intercelularmente, o qual dura alguns dias.

A fase extracelular da digestão é frequentemente completada em algumas horas e é seguida por absorção da mistura pela gastroderme que dura 8 a 12 horas.

O celêntero é multifuncional com papeis na digestão extracelular, circulação, excreção, reprodução e suporte por esqueleto hidrostático.

Material não digerível é eliminado pela boca.

Observações: Os Cubozoa eram anteriormente considerados membros da classe Scyphozoa, mas a presença de uma vela, a possessão de um tipo de nematocisto (estenotele) encontrado somente nos hidrozoários,a falta de uma margem de sino chanfrada e de ropálios são consideradas evidências de que não estão relacionados proximamente aos outros cifozoários e que devem ser colocados dentro de um classe separada. (RUPPERT e BARNES, 6ª. Edição



REFERÊNCIA

ANIMALCINCO. Pbworks. Estrutura corpórea das medusas.
< http://animalcinco.pbworks.com/w/page/13086633/Estruturta-corp%C3%B3rea-das-medusas> Acessado em 12/05/2011, as 20:21 hrs.

CAIS DE GAIS. O namoro das alforrecas.
Acessado em 12/05/2011, as 18:07 hrs.

GEOCITIES. Classe Cubozoa. Acessado em 12/05/2011, as 19:32 hrs.

JENSEN, Johny (foto). Acessado em 12/05/2011, as 19:20 hrs.

MAZZATENTA, Andre.. Una medusa sconosciuta Ulisse.sissa. < Acessado em 12/05/2011, as 17:55 hrs.

RUPPERT, Edward E.; FOX, Richard. S.; BARNES, Robert D. Zoologia dos Invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. 7ª. Ed. São Paulo : Roca, 2005.

WERNER, Bernahrd; CUTRESS, Charles E.; STUDEBAKER, John P. Life Cycle of Tripedalia custophora Conant (Cubomedusae). Nature 232, pg. 583-583 (20 Augustu 1971). Acessado em 12/05/2011, as 17:20 hrs.

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Coanoflagelado

Por: Adelaide

COANOFLAGELADOS

Reino: Protista
Sub-reino: Flagelados
Classe: Choanoflagellata
Família: Acanthoecidade

Características - pertencentes ao reino protista, possuem célula eucariótica, todos os orgânulos celulares e sua alimentação podem ser por absorção, ingestão ou fotossíntese. (Starter, pg. 318). No reino protista, pertencem ao filo dos Protozoários.

A classe dos coanoflagelados contém espécies muitas vezes incolor, de forma oval, possuem um único flagelo e este é rodeado na base por um colar composto por pseudópodes finos, formados por citoplasma. Muitas espécies estão envolvidas por uma carapaça de sílica compostos por hastes e tiras costal. (Throndsen, 1993 apud [1]); [3]. A maioria são sésseis, podendo apresentar pedúnculos, alguns formam colônias [3]. Uma fina envoltura envolve o corpo de certos gêneros, em outros existe a lórica [3]. Pertencentes ao nanoplanctons, são importantes pela ciclagem da matéria através da alça microbiana como herbívoros de bactérias autotróficas e heterotróficas do fitoplancton [4].

Reprodução - A maioria possui reprodução assexuada, por fição binária (Thomsen & Larsen, 1992 apud [1]).

Nutrição - A fagocitose é o modo aparente de nutrição (Laval, 1971; Leadbeater & Morton, 1974; Fenchel, 1982; Marchant, 1985; Sherr, 1988 apud [1]))Os alimentos ingeridos constituem-se, basicamente, por bactérias, algas nanoplanctônicas e detritos. [1].) Quando a atividade do flagelo por movimentos que criam uma corrente levando a bactérica em contato com o colar (do flagelo), estas passam gradualmente ao citoplasma pela porção bulbosa da célula, acabando nos vacúlos alimentares [3]; [4]. O flagelo está rodeado por um anel de tentáculos que serve como filtro de partículas de alimentos[4]. Os coanoflagelados também consomem partículas marinhas orgânicas de carbono, tornando-as disponíveis para os níveis mais altos da cadeia alimentar [4].

Os coanoflagelados na dinâmica trófica dos regimes aquáticos tem um papel de intermediário entre os produtores primários e do zooplâncton (Meyer & El-Sayed, 1983 apud [1]).

Distribuição geográfica - Os coanoflagelados encontram-se tanto em água doce quanto salgada, porém, tendem a localizar-se em águas claras [3].

ASPECTOS EVOLUTIVOS COM PORÍFERAS -
Entende-se que os aspectos evolutivos com poríferas podem ser identificados nas características morfológicas das células, ou seja, os coanoflagelados são unicelular, todavia podem viver em colônias, sendo algumas dessas sésseis, e sua alimentação dá-se por meio dos flagelos com conseqüente absorção do alimento. As esponjas apresentam as mesmas características, pois são sésseis, unicelular formando colônias, caracterizando-se como multicelular. Sua alimentação também se dá por meio dos flagelos que se encontram na extremidade da célula. As poríferas apresentam tubos e poros que permitem a passagem da água, fazendo com que os alimentos sejam por ali retidos.

Os coanoflagelados sésseis que se prendem por meio de um pedúnculo, parte de uma testa que tem uma forma aproximada de um vaso (figura 01) e estão compostos por bastões silicosos que são interconectados extracelularmente. Os indivíduos das formas planctônicas coloniais, como exemplo as espécies de Proterospongia são unidos por uma matriz extracelular gelatinosa (ou por seus colarinhos), podendo esta colônia adquirir a aparência de placa tendo todos os colarinhos e flagelos direcionados a partir do mesmo lado [8].

Neste sentido, os poríferos pertencem ao grupo dos protozoos, que formam colônias, são sésseis, alimentam-se pelos poros e por flagelos, idênticos aos coanoflagelados sésseis e que forma colônias.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1] Soto-Liebe, Kátia; Collantes, Gloria; Kuznar, Juan. New records of marine choanoflagellates off the Chilean coast. Investigaciones Marinas.
vol.35 no.2 Valparaíso Nov. 2007. Acessado em 26/03/2011, as 19:04 hrs.

[2] STORER, Tracy I.; USINGER, Robert L.; STEBBINS, Robert C.; NYBAKKEN,
James W. (s.l) - Omega. (sd)

[3] MARSHAL, J. A.; WILIANS, W.D. Zoologia dos Invertebrados. 7ª. Ed. Vol.1. Barcelona : Editorial Reverte, 1985. ISBN 84.291.1822.0. (p.41). Acessado em 26/03/2011, as 20:30 hrs.

[4] Marli BergeschI, 1; Clarisse OdebrechtI; Øjvind Moestrup.
Choanoflagelados Loricados da zona costeira do Atlântico Sul (~32 ºS)
incluindo a descrição de Diplotheca tricyclica sp. nov. Biota
Neotropica. vol.8 no.4 Campinas Oct./Dec. 2008. acessado em 26/03/2011, as 22:37 hrs

[5] GARCIA DO PRADO, Luiz Alberto. Neuroanatomia - Tomo I. 2ª. Ed. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2006. < http://books.google.com.br> Acessado em 27/03/2011, as 10:06 hrs.

[6] LERNER, Cléa; MOTHES, Beatriz; CARRATO, João L. Novos registros e ampliação de limites meridionais de distribuição de poríferos (Porifera, Demospongiae) no Atlântico sudoeste. Revista Brasileira de Zoologia. Vol. 22, nr. 3. Curitiba – jul/set. 2005. Acessado em 27/03/2011, as 10:22 hrs

[7] MELÃO, M. G. G; ROCHA, O. Ocorrência, Mapeamento e Biomassa instantânea de Metania spinata (Carter, 1881), Porífera, Metaniiedae, na Lagoa Dourada (Brotas, SP, Brasil). Acta, Limnológica Brasiliensia, vol. 8, 1996, 65-74. Universidade Federal de São Carlos, Dpto de Hidrobiologia. São Carlos, SP, Brasil. Acessado em 27/03/2011, as 10:53 hrs.

[8] INFOESCOLA. Coanoflagelados. Acessado em 27/03/2011, as 11:04 hrs.

[9] ESACADEMIC. Coanoflagelados. Acessado em 27/03/2011, as 16:04 hrs.